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MAXWELL VINDO

Galeria Marília Razuk, São Paulo
28 novembro de 2012 - 08 fevereiro de 2013

Maxwell Vindo é a nova exposição individual de Gustavo Rezende, criado especialmente para a galeria Marilia Razuk. Investigador incansável das implicações contemporâneas do tridimensional, Rezende realiza até fevereiro sua segunda individual na galeria, expondo esculturas e desenhos da sua mais recente produção.

Quem acompanha o trabalho de Gustavo Rezende sabe que suas esculturas são esculpidas à imagem e semelhança do próprio artista. Tal como o artista inglês, Antony Gormley, Rezende se vale do próprio corpo como medida de todas as figuras humanas que habitam suas obras, por puro e simples humanismo, acrescentando nelas um dado de fabulação e narrativa aos trabalhos, por batizar algumas com nomes próprios (e anglicanos), tornando Thompson, Mark, Allan, Gus e Maxwell personagens seus.

 

Para a jornalista, Juliana Monachesi, em texto de apresentação: “Em Maxwell Vindo, e novamente fazendo uso de carimbos - que desta vez estampam folhagens rebuscadas - para constituir um desenho, Rezende traz para o domínio da arte uma paisagem mineira pouco típica, sem montanhas, só horizonte. A evocação do campo nada tem de nostálgica. Ela funciona esteticamente, gerando esse horizonte que baliza a percepção das distâncias e do movimento de ir-e-vir do personagem cuja chegada iminente está expressa no título da exposição. Além disso, essa paisagem arduamente formalizada indica um sentido latente em todas as obras da mostra (e muito possivelmente presente em toda a produção escultórica do artista), o de uma ética do trabalho, o da inscrição na obra do processo mesmo que a engendra e constitui.

 

Uma tal integração do arcaico ao espaço virtualizado do discurso hiper conceitual da arte contemporânea, aliada a uma máxima de Rezende proferida há exatos dez anos, quando afirmou em uma entrevista - respondendo uma pergunta sobre seu interesse de cindir o projeto da escultura moderna -, "eu não procuro uma cisão, eu junto fragmentos de uma utopia despedaçada, que foi nutrida pelo modernismo", só pode significar uma coisa. Que jamais fomos pós-modernos. Diante do conjunto de obras de Maxwell Vindo, torna-se evidente o compromisso de Rezende com um regime estético que leva a cabo o embate entre um modelo representativo e a absoluta potência do fazer, que opõe e identifica saber e não-saber, agir e padecer, para falar com Jacques Rancière”, descreve.

 

Monachesi conclui: “Impõe-se, neste contexto, recolocar toda a sua produção em perspectiva e refletir sobre o sentido desta arte. Aliás, sobre o sentido da arte de toda uma geração, surgida nos anos 1980 e 1990, à qual se atribuíram rápido demais - e de modo empacotado por importaçāo - as características do pluralismo historicista e do ecletismo estilístico. No que concerne o trabalho de Gustavo Rezende, duas obras magistrais - a fotografia montada como backlight Sem Título (1996) e Taj Mahal e a Possibilidade do Amor na Era do Cubo Epistemológico (2001) -, no mínimo, dão conta do empenho do artista em juntar os cacos do modernismo e fazê-lo trabalhar para gerar novos significados e reverberações que façam sentido nos tempos de hoje. A exposição na galeria Marília Razuk é uma oportunidade ímpar para refletir sobre esse estado de coisas e para se aprofundar na pesquisa deste artista invulgar”.

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